Mulher Deprimida
Quando estou deprimida, mas de verdade, tenho vontade de jogar todas as plantas vivas que tenho no lixo.
Fiz isso uma vez.
É interessante que nas poucas vezes em que me deprimi de verdade, as plantas não estavam bem. Estavam querendo morrer, feias. Parece até causa e consequência: eu e elas.
Fui ficando mal e elas também. Talvez meus cuidados tivessem diminuído.
O problema é que quando se está doente, precisa-se de ajuda. Dificilmente há vontade de ajudar alguém, ou algo.
E em períodos difíceis, as plantas ficam em desvantagem de prioridade frente a todo o resto.
Mas voltando à vez em que fui má, foi assim: Eva estava em minha casa, uma querida. Ia uma vez por semana limpar tudo. Com aquele ar de dia de faxina, senti ímpeto de tirar pelo menos aquela obrigação da minha vida: cuidar das plantas.
Senti urgência em fazer e falei com Eva: "bota tudo no saco preto".
Alma boa que Eva era, teve dó, compadeceu pelas plantas. E morreu de rir. Disse que eu realmente estava fora do normal...
Ainda completei: "lugar de defunto é no saco preto, então pronto, resolvido!" Dado o estado ruim das coitadas.
Eu me senti bem em fazer aquilo, como se fizesse com minhas mazelas. Joguei-as no lixo, no saco preto.
Talvez ponderar demais e sempre, não seja lá ideal. Não querer dizer isso ou aquilo ou não fazer algo que poderá ser mal interpretado.
Enfim, agora, nesse momento, tudo está acontecendo de novo.
E a vontade não é só de me livrar das novas plantas, mas de me tornar minimalista.
Ludmila Barros 🔗 @ludmilapb
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